21/02/2013 12h04
- Atualizado em
21/02/2013 12h04
'Todo mundo sabia', diz enfermeira sobre mortes provocadas em hospital
Médica foi indiciada pelas mortes ocorridas em hospital de Curitiba.
Evangélico disse que o caso é pontual e ocorreu em uma das quatro UTIs.
A médica foi indiciada nesta quarta-feira (20) pelas mortes ocorridas na UTI. Para a polícia, se trata de homicídio qualificado, porque as pessoas não tinham chance de se defender. A delegada do Núcleo de Repressão aos Crimes Contra a Saúde de Curitiba, Paula Christiane Brisola, evitou comentar detalhes do inquérito, que segue sob sigilo de Justiça, mas garantiu que os esforços da polícia estão voltados para o levantamento de provas sobre os casos.
Médica é suspeita de mortes no Hospital Evangélico (Foto: Reprodução/RPCTV |
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Em nota, a direção do Evangélico disse que o caso é pontual e ocorreu
em uma das quatro UTIs do hospital, na qual toda a equipe foi
substituída. Reiterou também que os mais de 300 médicos do Evangélico
não devem ser julgados pela atitude de uma funcionária, e que o
atendimento em todos os setores do hospital seguem sendo feitos
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O advogado da médica, Elias Mattar Assad, disse que teve acesso a parte do inquérito e que não há provas contra Virgínia Soares. "Nas várias certidões de óbito de pessoas que teriam morrido, nenhum dos atestados foi firmado pela minha cliente. Todos as certidões também tinham laudos do IML atestando as mortes como sendo ou de causas acidentais ou naturais", ressaltou o advogado.
Desde a prisão da médica, ex-funcionários e familiares de pacientes que faleceram no hospital se sentiram encorajados para entrar em contato com veículos de comunicação e denunciar como ela agia. Segundo a enfermeira, ainda que soubessem da conduta da médica, os demais profissionais do setor não a denunciavam por medo de repressão. Ela disse ainda que o temor aumentou quando a instituição passou por dificuldades financeiras e os salários dos funcionários começaram a atrasar. A enfermeira não trabalhava diretamente com Virgínia Soares, mas a conhecia e, assim como os demais profissionais, tem conhecimento do que ocorria na UTI.
“Era argumentado que elas detinha os equipamentos da UTI, ela era considera a dona da UTI e as pessoas tinham medo. Ela era considerada o verdadeiro demônio da UTI”, enfatizou a enfermeira. “Por que eles [diretores do hospital] deixavam ela com tanta autonomia na UTI? É rentável”, pontuou.
"Ela chegava na UTI e apontava este, este e este. Daí todo mundo já sabia o que era", contou. Segundo a enfermeira, não era a médica que desligava os equipamentos. Ela mandava e integrantes da equipe agiam para provocar a morte do paciente.
O diretor clínico do Hospital Evangélico, Gilberto Pascolat, rebate as acusações. "Oficialmente, nós não temos nenhuma queixa contra a doutora Virgínia nem contra a sua equipe da UTI. Todas as queixas que vem da equipe médica ou da equipe de enfermagem tem que chegar a mim e não tem nada contra ela. Nesses vinte anos que ela trabalha na UTI eu que estou no hospital não me lembro de nada que desabonasse a conduta dela nem na parte técnica nem na parte ética", explica Pascolat.
Mortes
A enfermeira contou que a médica estava em um fim de semana em que cinco pessoas morreram no hospital. O número chamou a atenção dos funcionários. “Eu levei o maior choque. Tenho vergonha do que está acontecendo”, lamentou. Ela destacou que pretende ir à polícia prestar depoimento sobre a médica.
Na operação policial, foram apreeendidos prontuários médicos e outros documentos relativos a internações e mortes de pacientes. Na avaliação da enfermeira ouvida pelo G1, entretanto, a medida é inválida porque esses relatórios são alterados. “Nos prontuários eu dúvido que seja encontrado algo. Eles são alterados, às vezes para acrescentar evolução, uma correção. Essas situação envolve aspectos da ética médica, a ética de enfermagem, correção de prontuários. Todo mundo tem acesso, fazer alteração em prontuários, e colocar o carrimbo do médico e está tudo certo”, afirmou.
Fonte: g1 parana