VIVER A VIDA É ADMINISTRAR A MORTE
sexta-feira, 17 de Fevereiro de 2012 | 17:29
Para muitas pessoas falar sobre morte é
um suplicio, alguns evitam, inclusive, entrar em cemitérios, respeito,
mas sugiro que procurem algum auxilio para minimizar essa fobia.
Alguns pais erroneamente criam seus
filhos com a cultura de temer a morte, inclusive, até ameaçando morrer
caso o filho faça coisas erradas, daí esse pavor. Entendo que os pais
deveriam transmitir aos seus filhos ensinamentos sobre a morte,
crescentes de acordo com a idade, para que lidem melhor com esse
processo, inexorável, conseqüência da vida.
Pessoalmente, sou adepto do ensinamento
do escritor alemão Von Goethe, que dizia: “Uma vida ocioso é uma morte
antecipada”, não preferencio o tema nem fujo dele, vivo intensamente e
procuro ter rotina de trabalho e lazer, todas essas atividades com muito
bom humor.
Benjamin Franklin, o grande estadista
americano, sobre o assunto, lapidou uma frase perfeita: “O homem fraco
teme a morte, o desgraçado a chama; o valente a procura. Só o sensato a
espera”.
Sou adepto assumido do necroturismo, e
sempre que viajo, tendo tempo, não deixo de visitar cemitérios. Alguns
julgam este gosto mórbido, surreal, mas tenho esse hobby como meio de
crescer culturalmente, reecontrando-me com a história dos povos, suas
personalidades, eternizadas em esculturas, símbolos religiosos, maçons e
militares.
À respeito, registro que a administração
de Montevidéo, percebendo esse interesse, inaugurou em 2009, um sistema
de visitas guiadas periódicas ao Cemitério Central, construído em 1835,
com visitas a noite, com som de musicas clássicas.
Conheço dezenas de cemitérios, já
escrevi sobre essas andanças, destaco como imperdível, entre outros, o
cemitério de La Recoleta, construído em 1822, no charmoso bairro da bela
Buenos Ayres, onde está sepultada a heroína argentina Evita Perón.
Ainda sobre assuntos necrológicos,
sugiro que os agentes funerários e os meios de comunicação,
particularmente os jornais, voltem a anunciar os óbitos com a foto do
falecido, facilitando aos sobreviventes identificar pessoas amigas, pois
temos amizades significativas com pessoas conhecidas “só de vista”,
ainda tratadas por apelidos ou codinomes, nem sempre mostrados nos
obituários.
Por derradeiro, repasso um ensinamento
deixado por minha saudosa avó, a uruguaia Adoracion Doraliza
Gonzalez-Urrutia, para temas sobre os quais não temos controle, como é o
caso da morte: “Lo que no tiene solución, se resuelve”. Registro a
existência de conceito idêntico no Brasil atribuído ao grande Fernando
Sabino: “O que não tem solução, solucionado está”.
Escrito por Alberto Amaral Alfaro / blogdoalfaro.com.br
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