Álvaro Ianhez e mais três médicos vão a júri popular no próximo dia 31.
Em entrevista por e-mail, ele afirma que acusações são infundadas.
Salvei centenas de vidas – e isso não é crime"
Álvaro Ianhez
nefrologista
Questionado sobre a morte do menino Paulo Veronesi Pavesi, que foi hospitalizado depois de cair da janela do apartamento onde morava, o médico afirma que não era possível salvá-lo. “Não havia fluxo de sangue para o cérebro e o quadro era irreversível. Erros burocráticos que também ocorrem nos maiores hospitais do Brasil não invalidam o diagnóstico feito pela equipe”.
As denúncias apresentadas pela promotoria contra o médico apontam ainda que apenas o pai da criança teria assinado a doação de órgãos e que no documento não constaria a assinatura da mãe, mas um acordo verbal entre o profissional e a família. “A família manifestou intenção de doar os órgãos do menino. Fui, então, chamado ao hospital. Expliquei a eles como se dava a doação de órgãos e doação foi feita. Fiz o meu trabalho com dignidade.”
Entenda o Caso Pavesi
As investigações do ‘Caso Pavesi’ já duram quase 14 anos. Na denúncia feita em 2002 consta que cada um dos profissionais cometeu atos encadeados que causaram a morte do menino. Entre eles, a admissão em hospital inadequado, a demora no atendimento neurocirúrgico, a realização de uma cirurgia feita por um profissional sem habilitação legal que resultou em erro médico e a inexistência de um tratamento efetivo e eficaz. A denúncia aponta também fraude no exame que determinou a morte encefálica do menino.
Ao todo, sete médicos foram acusados de participar dos procedimentos envolvendo o menino Pavesi: Cláudio Rogério Carneiro Fernandes (urologista), Celso Roberto Frasson Scaffi (urologista), Sérgio Poli Gaspar (anestesiologista) – os três já julgados e condenados – José Luiz Gomes da Silva (neurologista), Álvaro Ianhez (nefrologista), José Luiz Bonfitto (intensivista) e Marco Alexandre Pacheco da Fonseca (anestesiologista).
A investigação deu origem a outros sete inquéritos e a Santa Casa de Misericórdia de Poços de Caldas perdeu o credenciamento para realizar os transplantes em 2002. O caso foi tema de discussões também no Congresso Nacional em 2004, durante a CPI que investigou o tráfico de órgãos. Vale lembrar que tramitam na Justiça outros oito casos ligados á suposta máfia.
Paulinho Pavesi morreu aos 10 anos após cair, passar por cirurgia e ter os órgãos removidos (Foto: Paulo Pavesi/ Arquivo Pessoal)
O caso deu origem a outros oito processos de supostas retiradas e vendas ilegais de órgãos envolvendo outros pacientes. Com as investigações que se seguiram a esse caso, descobriu-se a existência da suposta máfia que tinha o objetivo de traficar órgãos de pacientes em Poços de Caldas, sem respeitar a fila única de transplantes existente no país. O caso também provocou a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara dos Deputados em Brasília(DF) em 2004, que pediu providências quanto aos casos da suposta máfia na cidade.
Fonte: G1.com/Norte de Minas
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