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domingo, 18 de maio de 2014

Justiça anula contratos funerários


zé do caixão vertical 300x338Empresas, que também foram proibidas de firmar novos contratos, são acusadas de burlar sistema de rodízio do setor em Curitiba.
A Justiça declarou nulos os contratos firmados por três serviços de luto que operam em Curitiba. As empresas Luto Curitiba, Luto Araucária e Luto Máximo também foram proibidas de firmar novos contratos com clientes. A 1.ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba determinou ainda que os réus deverão arcar com os danos causados, que ainda serão calculados.
A ação foi movida pelo Sindicato dos Estabele­­­cimentos Funerais do Paraná (Sesfepar) e o juiz Carlos Eduardo Zago Udenal entendeu que as empresas burlam o sistema de rodízio de funerárias que funciona na cidade. As 26 funerárias que ­­atuam em Curitiba estão submetidas a um rodízio, para manter um equilíbrio e evitar a disputa por corpos em locais de acidente, hospitais e no Instituto Médico Legal (IML).
Não há uma estimativa sobre o número de pessoas afetadas pela decisão. Em declaração de 2010, que consta do processo, a Luto Curitiba afirmou ter cerca de 20 mil contratos. A Luto Araucária informava ter aproximadamente 10,5 mil clientes. Não há informações sobre a Luto Máximo. Boa parte dos contratos firmados por essas empresas, no entanto, são familiares – em alguns casos, valem até para oito pessoas ao mesmo tempo.
Cobertura
Segundo o Sesfepar, os serviços de luto oferecem cobertura de funeral por 30 parcelas de R$ 70, além de uma entrada de R$ 50 e uma parcela trimestral fixa equivalente a 10,4% do salário mínimo, sem prazo para terminar. “O (funeral) que está no plano custa cerca de R$ 900. Só com as parcelas, a pessoa já pagou mais que isso”, diz a advogada do sindicato, Lucyanna Lima Lopes. “Quem paga está fazendo uma poupança para o dono da empresa. A orientação para os clientes desses planos é que guardem as notas fiscais das despesas funerais para serem futuramente reembolsados.”
Rodízio
O rodízio de funerárias é estabelecido por lei municipal e somente as 26 empresas selecionadas por meio de licitação podem prestar serviços em Curitiba. O decreto que regulamenta a lei deixa uma brecha: moradores de outras cidades que morrem em Curitiba podem ser enterrados por funerárias de fora, sem que o serviço seja submetido ao rodízio.
Os planos de luto, entretanto, também enterram moradores de Curitiba. A reportagem apurou que as empresas passam pelo Serviço Funerário Municipal para liberar o corpo, mas orientam as famílias a solicitar o mínimo possível, com os menores preços, nas funerárias de Curitiba. Os demais serviços são fornecidos por funerárias da região metropolitana, o que caracteriza desrespeito à lei que institui o rodízio. Segundo a sentença, as empresas ainda determinam o local do enterro.
No processo, consta ­­­que há uma ligação en­­­tre a Luto Curitiba e a fune­­­rária Menino Deus, de Almirante Tamandaré. Já a Luto Arau­­­cária, segundo apurou a reportagem, subcontrataria os serviços da funerária Santa Cruz, de Pinhais.
Rodízio
Luto Curitiba vai recorrer da decisão
As 26 funerárias de Curitiba passam por um rodízio de serviços, para evitar a disputa por corpos em hospitais, locais de acidente e no Instituto Médico Legal (IML). Os funerais gratuitos (de pessoas sem condições financeiras, desconhecidos ou indigentes) também são distribuídos igualmente entre as permissionárias.
A Luto Curitiba informou que vai recorrer da decisão judicial que anulou seus contratos. O advogado da empresa, Julio Brotto, avalia que a Justiça não levou em conta uma perícia realizada no fim de 2010, que teria apontado que as empresas atuavam em conformidade com a legislação. Ele disse ainda que os contratos que dariam a entender que a empresa presta serviços funerários já foram corrigidos (só as 26 funerárias escolhidas em licitação podem atuar em Curitiba).
A Luto Araucária não quis comentar o caso, pois ainda não havia sido notificada da decisão. A reportagem tentou contato com a Luto Máximo, mas no telefone que consta como sendo da empresa funciona outro plano funerário, chamado Unidos do Brasil. A secretária informou que a Luto Máximo foi desmembrada da empresa.
Contato
A reportagem tentou ainda contato com o presidente do Sesfepar, Gelcio Miguel Schiebelbein, mas foi informada que ele está viajando. O celular dele estava desligado. A assessoria da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (a quem está subordinado o Serviço Funerário Municipal) informou que a prefeitura de Curitiba não comentaria o assunto, pois não recebeu uma notificação oficial a respeito da decisão judicial.
AMANDA AUDI E JOSÉ MARCOS LOPES – Gazeta do Povo

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