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segunda-feira, 25 de junho de 2012

NECROCHORUME X PERIGOS

Esclarecimento Importante Sobre a Matéria “Perigos do Necrochorume são Ignorados por Coveiros de RC"

Nota da Administração: Mantendo a política de total transparência e isenção, além de sempre procurar informar os leitores do FOL, publicamos na íntegra carta enviada pela ACEMPRO, Associação dos Cemitérios Protestantes, à nossa administração, a qual trata de reportagem recente publicada no FOL e que consideramos bastante esclarecedora. Certamente contribuirá de forma positiva para a evolução do conhecimento do setor.


São Paulo, 19 de junho de 2012

1º - A/C
Redação Funerária On-Line

2º - A/C
Antonio Archangelo
Redação Jornal da Cidade - Rio Claro - SP

Em relação à matéria "Perigos do necrochorume são ignorados por coveiros de RC", assinada pelo jornalista Antonio Archangelo e publicada em 10 de junho de 2012, pelo site Funerária On-Line e, especificamente, ao subtítulo "Contaminação", a Associação Cemitério dos Protestantes (Acempro) vem apresentar o relatório feito do subsolo do Cemitério da Paz, mantido pela Acempro, em contrapartida ao que foi argumentado na matéria.

Realizado pelo Laboratório Ambiental e baseadas nos métodos da 17ª edição do Standard Methods for Examination of Water and Wastewater, da American Water Works Association, as análises confirmam que a água do lençol freático da área do Cemitério da Paz pode ser destinada ao consumo humano, após tratamento simplificado, podendo ser utilizada para à recreação de contato primário, como natação, esqui aquático e mergulho, e também à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas.

O relatório afirma que não foram identificados microrganismos presentes em matéria fecal, bem como agentes patogênicos. Os dados coletados até a data indicaram ausência de contaminação biológica e físico-química do lençol freático.

Para que as análises fossem realizadas, foram construídos cinco poços de monitoramento, utilizando a metodologia prescrita pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (US-EPA - 1987, do inglês), em toda a área do cemitério, cujas profundidades variam de 5,8 a 4,38 metros. Já o fundo das sepulturas está, em média, a 65 cm do lençol freático, o que é suficiente para a não contaminação das águas.

Em todas as sepulturas do Cemitério da Paz, sempre o primeiro sepultamento é feito diretamente na terra. Os subsequentes são feitos em carneiros (gavetas), tanto as paredes, quanto as lajes intermediárias que separam uma das outras são confeccionados com materiais permeáveis, permitindo a percolação da água de chuva e irrigação através da sepultura, além da troca de ar com o meio ambiente. Este relatório completo, intitulado Cemitério e Impacto Ambiental - 4ª Edição está disponível para download em www.acempro.com.br/pesquisas.
Segundo as normas internacionais, as pesquisas para avaliação das águas subterrâneas devem se realizadas com o acompanhamento de poços de monitoramento. Entretanto, até o presente momento, o material que dispomos do Prof. Alberto Pacheco, citado na matéria, indica que para as análises em questão foram empregados piezômetros, cujos resultados são duvidosos.

Além disto, nesta mesma análise, foi assegurado que o lençol freático do Cemitério de Vila Formosa estava a 4.00 m de profundidade, quando na realidade, no local de um dos piezômetros instalados, o lençol freático estava a 1.00 m de profundidade.

Em março de 2003, a Lentz Consultoria em Meio Ambiente realizou uma pesquisa referente ao tema "Avaliação dos Riscos Potenciais ao Meio Ambiente e à Saúde Pública de Restos Exumatórios".

Neste trabalho foram analisados os restos exumatórios das vestimentas e a madeira das urnas (caixões), para avaliar a intensidade da contaminação química e biológica. O material exumatório analisado era procedente de pessoas de diferentes idades e diferentes causa mortis.

Segundo a norma NBR 10.004-Resíduos Sólidos, após as análises, o material exumatório analisado foi identificado como pertencente à "Classe II - Não inerte (não são perigosos, porém também não são inertes, podendo apresentar características como combustibilidade, biodegradabilidade e solubilidade em água)".

Recentemente, uma exaustiva pesquisa neste setor foi publicada na revista Arquivos Médicos dos Hospitais e da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, volume 56, Nº 2 - 2011, pag. 74. Liderada pela Drª Mitoi Ikko Ueda, Professora Assistente da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - Departamento de Ciências Patológicas, acompanhada de mais sete técnicos, entre professores, médicos e biólogos.

Conforme esta publicação, o resumo do trabalho é o seguinte:
O estudo objetivou a identificação e comparação da microbiota nos cemitérios São Pedro e Vila Nova Cachoeirinha entre áreas com corpos enterrados e áreas onde nunca ocorre sepultamento. Foram coletadas 130 amostras de terra e isolados 424 micro-organismos. Os principais micro-organismos identificados foram: 32% de bacilos Gram positivos, 26% de fungos, 19% de enterobactérias, 12% de bacilos Gram negativos não fermentadores da glicose e 11% de outros micro-organismos, todos pertencentes à microbiota do solo e considerados agentes decompositores. A presença destes micro-organismos foi semelhante nas áreas virgens e nas áreas onde foram sepultados os corpos. Não foram identificados agentes patogênicos em nenhuma das áreas avaliadas dos dois cemitérios.
Segundo o tratado de Medicina Legal, de autoria do Prof. Catedrático da USP Dr. Flaminio Fávero, já falecido, na descrição dos processos de decomposição dos corpos não há nenhuma referência a produção de chorume e muito menos de "necrochorume".

O substituto deste mestre, o Dr. Odom Rondom Maranhão, também falecido, em sua publicação sobre o mesmo tema nos dá a seguinte informação: Os corpos em decomposição, após o rompimento devido à expansão dos gases, apresentam um aspecto pastoso semelhante à manteiga rançosa. E não faz qualquer alusão a produção de chorume.

Este termo, "necrochorume", também não é encontrado no dicionário de termos médicos. E não cremos que tenha sido criado por algum médico ou biólogo especialista nesta matéria. Por conseguinte, somos da opinião que o mesmo não deve ser usado em artigos que almejam seriedade cientifica.

Análises feitas tanto aqui quanto no exterior, a nosso ver altamente confiáveis, confirmam que o impacto causado pelos cemitérios ao meio ambiente é de uma ordem tal, que não podem ser considerados como fontes poluidoras.
O fato mais marcante destas conclusões é que, até hoje, não foi identificada nenhuma moléstia endêmica vinculada à atividade cemiterial.


Atenciosamente,
Flávio Magalhães
Secretário Executivo da Associação Cemitério dos Protestantes


Fonte: ACEMPRO

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